Quando criança sempre
imaginei como seria nadar em uma piscina sem bordas. Fiz aulas de natação em
uma piscina muito pequena, de apenas 8 metros. Entre um impulso e outro
rapidamente minhas mãos se encontravam com os azulejos azuis que marcavam o fim
de mais uma volta. O engraçado é que essa piscina da minha infância volta e
meia me aparece nos sonhos. Dos mais frequentes que me retornaram ao longo da
vida, lá estou eu entre uma braçada e outra na pequena piscina. Quando voltei
para Fortaleza ano passado me deparei com esse pedacinho de praia na fronteira
entre Irecema e Náutico com várias pessoas nadando. Rapidamente me lembrei das
imagens e sensações desses sonhos e da vontade infantil de nadar em uma piscina
sem bordas. Uma piscina em que a gente não precisa ter pressa de chegar do
outro lado. Porque do outro lado, entre uma braçada e outra, tem o sol se
escondendo por detrás dos prédios. Num virar de cabeça para respirar, o encontro com casais de mãos dadas e famílias passeando no espigão. E quando acho
que vou chegar ao fim, no fim do dia, um grupo de amigos está cantando bem alto
na areia que o dia ainda vai nascer feliz. E eu não preciso mais tocar na borda
para terminar.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
Piscina sem bordas
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