segunda-feira, 16 de julho de 2018

Todo homem precisa de uma mãe




Nos últimos dias essa música tocou muito nos meus ouvidos e no coração. Ouvia ela chegando por entre a porta do quarto todas as noites, enquanto minha mãe assistia à série "Onde nascem os fortes". Estamos em processo de mudança de casa em Fortaleza.  A casa onde moramos nos últimos 17 anos. A casa dos meus avós. Quando essa música começava a tocar já podia observar minha mãe adormecendo deitada na cama dela, ou na da minha irmã.  Uma hora dessas ela já estava exausta. Muitas coisas a resolver. Dias apressados. Todos últimos  dias que passei em Fortaleza, quando estava perto de chegar em casa ela me ligava para combinarmos o que iríamos jantar naquela noite. Enquanto jantávamos a escolha da noite, fazíamos o balanço das coisas que foram encaminhadas naquele dia, e pensávamos no que teríamos que dar conta no dia seguinte. Quando nos mudamos da casa antiga eu estava com 17 anos. Eu não era dos mais empolgados com aquela mudança. Os meus primeiros 17 anos de vida foram passados na casa da Rua Eduardo Angelim, 388. Naquela mudança, estavam junto com ela o Seu Geraldo e a Dona Zeza. Eles foram os pilares de organização daquele processo junto com ela e meu pai. Eu só queria não me mudar. Mas os quereres de um menino de 17 anos nem sempre são materializáveis. O seu Geraldo e a dona Zeza não estão mais fisicamente por aqui. E 17 anos depois, eu ainda tenho muitas dúvidas sobre mudanças, de casa, e da vida. Mas sei que elas acontecem. A casa da Dona Zeza, da Dona Isilda, está recebendo uma nova dona. Eu segui. Voltei. Segui denovo. Mas nós sempre seguimos. No plural. Então, a casa que a dona Zeza deixou para todos nós continua seguindo. Estava tão imerso nas lembranças, que o som da música não virava palavras nítidas nos meus ouvidos. Ouvia "amor" no refrão. Mas ele dizia mesmo era "mãe". "Todo homem precisa de uma mãe". Só depois fui perceber que a música que embalou minhas lembranças nas últimas noites fala de mãe. De cuidado. De lembrança... O saudosismo cessou um pouco. E me percebi feliz por ter tudo ótimas mães. Que sempre tiveram muito cuidado comigo. E que me deixaram todos esses anos de boas lembranças para levar adiante.