terça-feira, 6 de agosto de 2013

Carregando...



Fui assaltado no dia 1º de abril. Já contei essa história aqui antes. Alguns pertences, material de trabalho... E eu achava que o que de havia de maior valor material na mochila eram uns R$ 70,00 que sacara no banco uns dias antes. Que nada... Um carregador! O carregador da bateria de minha máquina fotográfica. “Que nada!”, pensei eu. “Consigo achar outro fácil!”. Não foi bem assim... Alguns dias depois o assalto fui atrás de outro carregador. Após uma rápida busca na internet, encontrei. E tomei um susto. O preço? R$159,00! “Mas é quase o valor da minha câmera!”. Uma máquina Panasonic Lumix FS-4 de 8.0 megapixels que comprei em 2010. Vou falar um pouquinho sobre ela...  Minha primeira câmera fotográfica. Na verdade já possuía outra câmera, uma Olympus Trip 35mm da década de 1980 que herdei dos meus pais. Mas nunca consegui tirar uma foto com ela, pois está com defeito há uns 20 anos. Bom, então posso dizer que essa câmera Panasonic foi a primeira (e única mesmo) que consegui comprar, e que me permitiu realmente tirar fotos. Estava cursando o mestrado e precisaria tirar algumas fotos para a pesquisa que iria realizar. Pensei: “por que não?”. Após uma longa (longa mesmo) pesquisa em sites da internet, achei a referida máquina. Era um modelo que já estava ficando obsoleto na época (em 2010), e por isso estava em promoção. Eu sou realmente um exímio pesquisador no que diz respeito a equipamentos e tranqueiras eletrônicas. Sempre que vou adquirir algo do gênero, realizo um exaustivo levantamento em sites de reviews, fóruns de discussão, lojas etc. Havia gostado das recomendações e do que li sobre as câmeras Panasonic. Então seria essa mesma! Além de registrar as imagens da minha pesquisa, essa câmera acompanhou todas as minhas idas e vindas entre Pernambuco – Ceará (e às vezes Paraíba). Foi com ela que fotografei as minhas 6 mudanças entre Recife – Olinda. Fotos de aniversários, o último aniversário do meu avô que comemorei com o meu em 2011, saídas, encontros com amigos, presepadas, enfim, 3 anos da minha vida em imagens. E o carregador? Muito caro mesmo! Para um camarada recém assaltado, desembolsar quase o mesmo valor da câmera fotográfica para comprar o carregador. Meio difícil! Não pretendia, e nem teria condições de comprar outra câmera. Estava satisfeito com a minha. Comecei a ver com amigos se alguém teria um modelo parecido com o meu para que pudesse pedir uma recarga “emprestada” de vez em quando até conseguir resolver a situação. Ninguém possuía. Percorri várias lojas de eletrônicos pelo centro de Fortaleza atrás de um carregador compatível, e nada. Comecei a procurar em sites no exterior, e encontrei. Por aproximadamente $ 25,00. Com as taxas de envio sairia por algo em torno de uns R$ 70,00. Seria uma alternativa (ainda muito cara, mas uma alternativa). Resolvi procurar mais um pouco. Telefonei para algumas lojas em São Paulo. Nada! Tentei entrar em contato com a assistência técnica autorizada da Panasonic em minha cidade. Eles possuíam o registro do carregador no sistema, mas estavam sem peças no momento. Teria que fazer uma encomenda e esperar para ver se conseguiriam. O valor? R$ 90,00. Caro! Pensei em ir até a Feira dos Pássaros (também conhecida como Feira dos Malandros, em Fortaleza, lugar onde se pode encontrar de um tudo, desde animais até automóveis, celulares, videogames, roupas, discos, entre outros itens, de procedência às vezes ambígua). Acabei não encontrando tempo para tal empreendimento. Um dia desses fui ao North Shopping (shopping de Fortaleza conhecido por abrigar em seu interior um labirinto de corredores que faria o Minotauro do mito amolecer os chifres) trocar uma peça de roupa que havia comprado, e cuja numeração não me servira muito bem. Depois de me perder e me encontrar algumas vezes, resolvi dar uma passada em algumas lojas de eletrônicos para perguntar pelo tão almejado carregador. Em nenhuma delas encontrei. Mas me deram a indicação de uma loja no subsolo do shopping que trabalhava com concerto de câmeras fotográficas, onde talvez pudesse encontrar o que procurava. Entrei em duas outras lojas por engano até achar a que haviam me indicado. Uma lojinha apertada mesmo, com um pequeno balcão separando os clientes, dos técnicos e de prateleiras repletas de câmeras fotográficas. Perguntei: “vocês teriam por acaso um carregador para bateria de câmera Panasonic?” E não é que o acaso acertou?! Eles tinham dois carregadores, mas falaram que eu teria que trazer a câmera e a bateria para verificar a compatibilidade. Pedi para ver os dois, pois tinha uma idéia do modelo e das especificações do meu antigo carregador. Percebi que um deles possuía encaixes bem parecidos. De qualquer forma anotei as especificações de ambos para conferir ao chegar em casa. E mais uma vez o acaso acertou! Um deles era equivalente ao de minha câmera. Dois dias depois voltei ao shopping (dessa vez não me perdi) com minha câmera e bateria. Pedi novamente para verificar o carregador. Perfeito! A bateria encaixou. Restava plugá-lo na tomada para ver se funcionava. Excelsior! (Sempre quis dizer isso, Stan Lee!). Funcionou! O preço? R$ 45,00 (menos de um terço do carregador do mercado livre; metade do carregador da autorizada e aproximadamente a metade do importado). Ainda tentei uma pechincha com o vendedor, que reduziu o valor para R$ 40,00. Ao concluirmos o negócio ele me falou: “rapaz, você não ganha mais na loteria!”. E eu sem entender perguntei o porquê. Ele me falou que foi muita sorte mesmo conseguir encontrar um carregador igual ao meu. Não teria a mesma sorte de ganhar na loteria. Está bem. Eu nunca quis ser rico mesmo. Eu só queria mesmo carregar a bateria e voltar a tirar fotos com a minha velha câmera.

domingo, 4 de agosto de 2013

Feliz aniversário!

No dia 3 de agosto de 2013 completei 30 anos. 30 anos! Um ano antes estava longe. E além dos 29 anos, comemorava a defesa de minha dissertação de mestrado. E desses trinta 3 de agosto, foi o único que passei longe de casa. No dia 3 de agosto de 2011 foi o último aniversário que passei com o meu avô Geraldo. Comemoramos junto. Duas vezes! No meu, e no seu aniversário 5 dias depois (e no dia seguinte ainda comemoramos o dia dos pais). 10 anos antes (do dia 3 de agosto de 2013) houve uma grande festa em casa. Muitos amigos! Com a chegada dos 20 anos, comemorávamos também a minha aprovação no vestibular. Uma folia que começou de dia e entrou pela noite. E olha que na manhã seguinte iriam começar as aulas! Nesse dia 3 de agosto de 2003 muitas das pessoas que ali estavam se despediram de um grande amigo, o Luciano, sem saber que não iriam vê-lo mais. Ainda bem que foi em um dia de festa! Dia 3 de agosto de 2013, 30 anos. Eu nunca me imaginei com 30 anos. Quando criança, ficava pensando como seria aos 15. Estava na 8ª série quando completei 15 anos (no dia 3 de agosto de 1998), e imaginava saber como seria aos 18. Adolescência. Mas no dia 3 de agosto de 2001, quando completei 18 anos e vi que não mudara tanto assim, parei de querer tentar imaginar como seria dali para frente. E depois desses trinta 3 de agosto, parece que a mesma impressão persiste...

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Vão-se os anéis, fica o chocolate!



FUI ASSALTADO no dia 01 de abril, uma segunda feira, por volta das 20h10min bem próximo de minha residência. Não, essa não é uma piada do dia da mentira. Estava sentado em uma parada de ônibus quando um rapaz apontou-me uma pistola dando voz de assalto. Poucos segundos antes ele havia passado por mim a pé, e quando menos espero ele dá a volta e me aponta a arma. "Passa o celular!" Deu uma busca na minha calça para ver se tinha algo. Como viu que não tinha bolsos começou a puxar minha mochila (sempre ande com uma calça com bolsos para que isso não aconteça!). Não é a primeira vez que sou assaltado. Já desenvolvi até certo trato com ladrões. Sempre tento conversar com o "camarada" no intuito de que ele me deixe os documentos. Dessa vez não funcionou. O “camarada” estava afoito. E com uma pistola na mão. Não tem conversa.  "Solta senão eu atiro!" E lá se vai o "camarada" correndo, e entra em um Fiat Siena preto que o esperava na esquina.  Vai com minha mochila, dois celulares antigos (desses que ninguém mais quer, mas ele quis. Afinal de contas era o que ele queria quando disse: “Passa o celular!” Deve ter se arrependido ao abria a mochila), minha carteira com RG, Carteira de Habilitação, cartão do plano de saúde, passecard recém carregado, a quantia de R$ 70,00 em dinheiro, o carregador da bateria da minha máquina fotográfica, duas camisinhas (espero que ele use, pelo menos), duas canetas, uma lapiseira, um controle remoto (isso mesmo), uma garrafa pet seca, minha pasta com relatórios, planejamento mensal e frequência dos meus alunos de Tai Chi Chuan,  e um pequeno caderno onde faço minhas anotações  do trabalho e do dia à dia. Quando vi o "camarada" correndo com minhas coisas a primeira coisa que consegui pensar foi: "ainda bem que tirei da mochila o chocolate que ganhei da Dona Estela”. A Dona Estela é uma das alunas que fazem Tai Chi Chuan comigo no bairro Aerolândia. Uma senhora muito humilde  que tem por volta dos 70 anos. Ela é lavadeira de roupas, e trabalha inclusive na casa de algumas de suas colegas de Tai Chi Chuan. É uma das alunas mais assíduas de minha turma. Antes da páscoa ela havia dito que ia me dar um presente.  "Professor, depois eu trago um chocolate pro senhor!" (apesar de ter idade para ser neto da maioria de minhas alunas, muitas delas me chamam respeitosamente de "senhor"). Falei que não precisava, que não se preocupasse com isso. No já citado dia 01 de abril, pouco antes de iniciar minha aula pela manhã, ela chegou próximo a mim e disse: "professor, trouxe um chocolatezim pro senhor!" Ela presenteara a mim e a outra professora que trabalha comigo com uma barra de chocolate do tipo meio amargo (que por sinal é um dos que mais gosto). Fiquei muito tocado com o gesto singelo de sua parte. O dinheiro que recebe com as lavagens de roupa deve ser muito pouco, e contado para as despesas do mês, e ainda assim ela havia feito questão de nos presentear. Ao chegar em casa naquele dia pela manhã, após o término de meu primeiro expediente de trabalho, tirei meu presente (o chocolate) da mochila, e coloquei-o em cima de um armário em casa. Ao chegar em casa a noite, após o assalto, uma das primeiras coisas que vi ao entrar pela sala foi a barra de chocolate no mesmo lugar onde havia deixado. Pensei novamente:  "ainda bem que tirei da mochila o chocolate que ganhei da Dona Estela”. Repeti a frase para minha namorada, que estava em casa comigo, abri a embalagem e comemos o chocolate, que adoçou aquela noite tão tumultuada. Na manhã seguinte comentei com os alunos sobre o ocorrido na noite anterior. Foi com muita indignação que receberam a notícia, e ficaram preocupados inicialmente achando que havia sido assaltado em sua comunidade, que carrega uma fama de violenta. Não foi. A Dª Estela estava na aula àquela manhã. Ao me aproximar dela durante um dos exercícios, tocada com a situação ela perguntou se estava tudo bem e falou: “Ôôô professor, levaram seu chocolate?!”. Falei que havia sido justamente no chocolate que pensara logo após o assalto, e que por uma feliz coincidência, o seu presente foi o único item que tirara da mochila, antes de sair de casa novamente para trabalhar. Ao narrar minha preocupação com seu presente ela me presenteou novamente com um sorriso largo no rosto. E pensei denovo: "ainda bem que tirei da mochila o chocolate que ganhei da Dona Estela”. Acho que depois dessa posso até repensar aquele antigo ditado que diz: “Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.”. No meu caso vai ser: “Vão-se os anéis, fica o chocolate!”.


*O nome da minha avó paterna também era Estela.A Dona Estela do Tai Chi Chuan lembra muito a vó Estela. Duas mulheres simples, de origem humilde, e muito atenciosas nos pequenos e nos grandes gestos.

terça-feira, 19 de março de 2013

Maisumdiadechuva?

Papelnamão
Lixonochão
Tapabueiro
Nuvemnocéu
Águanochão
Diadesol?
Oanointeiro
Mashojenão
Nuvemnocéu
Águanochão
Soberua
Descebarranco
Senhordoutor
Sentanacadeira
Porqueesperartanto
Nãovêissonão?
Oqueestáfaltando
Écoração?





No dia 19 de março. Aniversário da Dona Zeza, que hoje estaria completando 87 anos. Avó-mãe tão saudosa e querida. Dia 19 de março. Dia de São José, que inspirou também o nome da minha avó, Maria José. Ela ensinou aos netos a esperar por essa data, pois marcava também o prenúncio da temporada de chuvas. "Se chover no dia de São José, é um bom sinal", dizia ela. Desde pequenos nos acostumamos a sempre esperar por essa data, por seu aniversário, e pelas chuvas que o santo trazia. Quem parece que nunca aprendeu mesmo a esperar pela temporada chuvosa são nossos digníssimos governantes. E todos os anos vemos as noticias sobre enchentes e deslizamentos de terra escorrer pelos jornais como se fossem notícias inéditas...

Ainda bem que a Dona Zeza me ensinou a esperar pelas chuvas...

 

sexta-feira, 8 de março de 2013

E o Brasil... dizem por aí que vai muito bem, obrigado!



A minha última rotina de trabalho tem me proporcionado horários de expediente um tanto quanto inusitados. Quando a maioria da população está começando seu deslocamento diuturno rumo a seus locais de trabalho, estou voltando para casa e terminando o meu primeiro expediente. Quando elas estão retornando aos seus lares no final do dia, estou iniciando o meu segundo turno de trabalho. Tenho observado desde que voltei a Fortaleza que o trânsito da cidade está ficando cada vez mais “travado”. Já vivenciava essa experiência quando morava em Recife/Olinda. Mas Fortaleza realmente tem me surpreendido nos últimos meses no que diz respeito ao tráfego. Muitos carros. Muitas motos. Muitas pessoas nos ônibus. Poucos ônibus. E o metrô... Bem acho que isso é assunto para a Copa do Mundo (mas quem sabe mesmo, não é?!). Mas veja só... As pessoas estão comprando mais carros... E ainda há quem queira nos fazer acreditar que isso é realmente bom! É engraçado (na verdade é trágico) ouvir o discurso governamental nos últimos anos falando que a economia do Brasil está crescendo, que o brasileiro vive melhor, e que aumentou o seu poder de consumo. É espantoso ouvir esse tipo de discurso de que a melhoria na qualidade de vida da população está atrelada ao aumento em seu poder de compra. E dizem até que tem uma nova classe média por aí. Realmente as pessoas estão comprando e consumindo mais. As linhas de crédito aumentaram. É muito fácil comprar um carro novo todo o ano, até mesmo sem um tostão no bolso. As casas da população estão cheias de TV’s de LED (porque as de LCD já estão ultrapassadas, não é?!). IPod’s, Iphone’s, Ipad’s... Ai pode?! Pode sim! Todo mundo pode! É só ter um cartão de crédito. Dinheiro de plástico serve para isso mesmo. E a gente vai pagando em suaves prestações a perder de vista. E o Brasil, hein?! Dizem por aí que vai muito bem, obrigado. As ruas estão cheias de carros. A sala de casa está cheia de eletrônicos. Vazia mesmo está a geladeira. Vazias mesmo estão as salas de aula (se bem que algumas estão bem cheias porque está faltando é professor). Ah, e têm os postos de saúde, esses sim estão bem cheios. E o Brasil, hein?! Dizem por aí que vai muito bem, obrigado. É o maior país da América Latina. Liderança continental. Economia lá em cima! Alguns índices também. Vejamos alguns deles... Em 2010 o Brasil ficou em 3º lugar no ranking mundial que mede a desigualdade social nos países (empatado com Equador, e atrás de Bolívia e Haiti). Em 2012, o Brasil apresentou a 6ª maior taxa de mortalidade infantil da América do Sul, com 21 mortes para cada 1000 nascimentos normais (países como Chile, Uruguai e Argentina apresentam a metade ou menos que a metade da taxa brasileira). Ainda em 2012 o Brasil ficou em 9º lugar na América do Sul no que diz respeito à taxa de alfabetização, 87% da população alfabetizada, enquanto países como Uruguai apresentam 98%, Argentina 97% e Chile 96%. E eu bem que comecei o texto falando em engarrafamentos e em carros, não foi?! Mas o que importa mesmo...?! Pois é. Porque o Brasil, hein?! Dizem por aí que vai muito bem, obrigado.