Existe um princípio taoísta que diz
que "a leveza de todas as coisas supera a dureza de todas as coisas".
Essa é também uma recomendação basilar que inspira a dinâmica de movimentos do
Tai Chi Chuan enquanto técnica de combate. E não somente isso. No combate,
assim como na vida, o intuito de preservar a suavidade e a fluidez dos
movimentos é um princípio que nos leva a adotar uma postura de flexibilidade
diante das adversidades do nosso caminho. A maior metáfora para aludir a esse
estado é a da fluidez da água. O solvente universal é o que possui a maior
capacidade de transformar e de se transformar em algo novo sempre que preciso.
O seu fluir constante pode perfurar a rocha, mover montanhas e fazer vida nova
brotar da terra. Se encontra um obstáculo aparentemente intransponível, ela
tenta ocupar-lhe todos os espaços vazios, todas as brechas a fim de continuar
seu percurso. Se ainda assim não o transpuser, a água espera, aquieta-se.
Calmamente ela se transforma em vapor, se dispersa no ambiente, sobe aos céus
para que possa descer renovada. Uma nova água. Capaz de tocar todas as coisas,
de se deixar tocar e continuar seguindo o seu caminho.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
quarta-feira, 26 de março de 2014
Conversa parada
Cruzo essa cidade geralmente de ônibus ou movido pela tração das pernas. Um joelho pôdi me impede de adotar o meio de transporte que tanto me fez alegrar e perambular na infância e adolescência pelas ruas montesianas e adjacências. Em meio às andanças ou esperas nos pontos de ônibus, presto muita atenção na conversa alheia (sim, sou curioso). Pego algumas dessas conversas emprestadas por alguns minutos, participo de umas outras, deixo passar parte delas, e algumas eu guardo. Durante essa semana devido à urgência das coisas da vida tenho tomado excepcionalmente muitos ônibus (muitos mesmo!). Isso me fez passar boas horas dos meus dias dentro dos coletivos, e tantas outras de espera nos pontos. Também excepcionalmente hoje ouvi uma mesma conversa se repetindo dentro dos ônibus, nos pontos, nas calçadas, nas filas, no shopping... Uma conversa que já nem é tão nova assim. Que fala justamente de espera. Uma espera sem paciência. Que tem deixado todo mundo pilhado com a simples menção de ter que se deslocar pela cidade em determinados horários. É sobre o trânsito mesmo! Hoje, voltava para casa por volta das 16h00min quando ouvi um cobrador da linha José Walter/Expedicionários dizendo que já deveria ter largado do serviço desde as 12h40min. “São as obras da CAGECE lá perto da Igreja”, dizia ele. “A gente passa 1h só para sair do Montese”. Nesse período que a gente fica parado, começa a pensar mesmo sobre onde está o problema. E aparecem uma ruma (sim, uma ruma é um plural) de culpados mesmo. A obra, o prefeito, os barbeiros (não estou falando daqueles que trabalham nos salões)... E a espera persiste, não é?! Espera irritada! Aí se reclama mais um pouco. Mas ainda estamos ali parados. E parece até que a cidade está passando por nós. Está mesmo! Ela corre mais rápido que os carros. E nem conseguimos mais ver. Mas como, se estamos parados? A cidade corre! E onde tinha uma praça, daqui a pouco vai ter muitos carros. E o parque, cortado por muitos carros (e prédios). E aquela rua cheia de casas, por lá agora só carros. Tantos carros. E estão todos parados. E aí a gente espera. Mas não se irrite assim tão fácil. Por que, afinal, ainda estamos todos parados. Espera só...
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