quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

अच्छी यात्रा Ravi Shankar*






Morreu hoje o músico indiano Ravi Shankar, aos 92 anos.  Ele foi o principal responsável pelo contato dos Beatles com a musicalidade oriental, através de amizade firmada com George Harrison a partir de 1966. Além da relação de amizade com este beatle, o que se configurou também foi uma profícua relação mestre-discípulo no aprendizado da cítara, e de diversos aspectos da filosofia e religiosidade hindu.  Essa influência pode ser percebida na musicalidade apresentada pelo conjunto a partir dos discos  Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, 1967 e The Beatles (White Album), 1968, e no primeiro trabalho solo de Harrison, Wonderwall Music, 1968. Ravi era pai também da cantora Norah Jones e da citarista Anoushka Shankar. Seu legado se propagou não apenas através da música, mas no âmbito humanitário, através de uma mensagem de solidariedade e amor difundida em seus concertos e entrevistas. Ele foi um dos organizadores, juntamente com George Harrison, do Concerto para Bangladesh, em 1971, com o intuito de arrecadar fundos para as vítimas de um ciclone que assolara a localidade no ano anterior, e das tensões e conflitos geradas pelo movimento independentista daquele país. A ideia da organização de um festival com vários artistas para angariar recursos para Bangladesh surgiu através de um pedido pessoal seu ao então ex-beatle. Esse foi o primeiro grande concerto beneficente da musica pop mundial, e impulsionou inúmeros outros como Live Aid, Music for UNICEF Concert, Live Earth, entre outros. É um emblema de sua concepção de que a música é muito mais que simples entretenimento, e que pode ser percebido a partir do trecho a seguir extraído de um depoimento seu para o documentário Living in Material World, 2011, que narra a biografia de seu amigo e discípulo George Harrison:

O som é Deus. E através do som, ou seja, através da boa música... pode haver também música que pode ser o diabo. Eu não quero nomear essa música, mas... A música pode excitá-lo e fazê-lo enlouquecer. As pessoas ficam malucas. Isso também é música. Mas ela não conduz você, espiritualmente, em direção a Deus. Mas a música tem esse poder. Quer seja através dos cantos gregorianos ou música barroca, música indiana, ou até mesmo canções folk (ou populares) lindamente cantadas por pessoas com belas vozes. [...] Nossa música é transmitida de pessoa para pessoa. É uma tradição oral. Não é uma música escrita. E o guru passa não apenas a técnica, mas todo o aspecto espiritual. Todo o significado da vida, a filosofia, tudo é passado junto com a música.

Ravi Shankar

*Boa viagem Ravi Shankar