segunda-feira, 13 de abril de 2020

Preta, Pepinha





Quando ainda nem gostava de música, aprendi a gostar de "Preta Pretinha". Acho que é a minha memória musical mais antiga. Ela era uma faixa recorrente no toca-fitas do Chevette 1978 do meu pai durante a minha infância. Lá pelos meus 4-5 anos meu pai me apresentou a canção dizendo que era a música da nossa cadela, a Peposa (apelidada de Pepa). Quando o refrão tocava no carro ele substituía o "Preta, pretinha", por "Pepa, pepinha". E nos meus ouvidos de criança, era isso mesmo o que eu escutava! Passei os primeiros anos da minha infância achando que a música tinha sido feita para a Pepinha, tal qual meu pai havia me apresentado. A letra é do Galvão, mas o arranjo e a interpretação que a popularizaram foram do Moraes Moreira. Em 2012, tive a oportunidade de assistir o Moraes contando a canção em Recife (durante o Coquetel Molotov), num show onde tocou na íntegra o repertório do disco Acabou Chorare. Não tinha ingresso para o show, e consegui entrar no teatro da UFPE graças a uma pulseira vip compartilhada com uma amiga (que depois serviu para colocar mais umas 3 pessoas para dentro). Tinha conhecido o disco no ano anterior, ao assistir o documentário "Filhos de João", sobre a história dos Novos Baianos, no Festival MINO (em Olinda). No perambular com os amigos pelas ladeiras de Olinda, nos deparamos com a exibição do filme ao ar livre. Assistimos sentados numa calçada e amontoados uns nos outros. As minhas memórias da infância se conectaram com a experiência da vida adulta. A "Preta, pretinha", que descobri no Chevette 1978 do meu pai passou a ser presença constante no meu notebook, no som em casa, no som do carro, nos percursos das minhas viagens entre o sertão e o litoral (ainda que num pendrive). Ano passado consegui comprar o CD Acabou Chorare durante uma garimpada em uma viagem. Lá de trás para cá se tornou um dos meus discos favoritos. Hoje tive a triste notícia do falecimento do Moraes Moreira, aos 72 anos. Muita vida, muita música, muitas memórias! Mas tenho certeza que daqui para frente a "Preta, pretinha" ainda vai tocar muito aos meus ouvidos e nas minhas lembranças.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Dois e uma cadela vira-latas


Por aqui somos dois homens e uma cadela vira-latas
Ou seriam um homem e um menino?
Mas quem é o homem, e quem é o menino?
A única certeza é da vira-latas
Não há dúvidas de quem ela é!
Está bem certa disso.
Por aqui somos um homem, um menino e uma cadela vira-latas
Esperando a hora de sermos dois homens novamente
Na confiança do apoio um do outro
Para encostar a cabeça e descansar
Mas o café já está frio na mesa
Será que é de tanto esperar
Que sejamos homem ou menino?
Sejamos então homens e meninos
E a vira-latas a nos acompanhar