Quando
ainda nem gostava de música, aprendi a gostar de "Preta Pretinha".
Acho que é a minha memória musical mais antiga. Ela era uma faixa recorrente no
toca-fitas do Chevette 1978 do meu pai durante a minha infância. Lá pelos meus
4-5 anos meu pai me apresentou a canção dizendo que era a música da nossa
cadela, a Peposa (apelidada de Pepa). Quando o refrão tocava no carro ele substituía
o "Preta, pretinha", por "Pepa, pepinha". E nos meus
ouvidos de criança, era isso mesmo o que eu escutava! Passei os primeiros
anos da minha infância achando que a música tinha sido feita para a Pepinha,
tal qual meu pai havia me apresentado. A letra é do Galvão, mas o arranjo e a
interpretação que a popularizaram foram do Moraes Moreira. Em 2012, tive a
oportunidade de assistir o Moraes contando a canção em Recife (durante o
Coquetel Molotov), num show onde tocou na íntegra o repertório do disco Acabou
Chorare. Não tinha ingresso para o show, e consegui entrar no teatro da UFPE
graças a uma pulseira vip compartilhada com uma amiga (que depois serviu para
colocar mais umas 3 pessoas para dentro). Tinha conhecido o disco no ano
anterior, ao assistir o documentário "Filhos de João", sobre a
história dos Novos Baianos, no Festival MINO (em Olinda). No perambular com os
amigos pelas ladeiras de Olinda, nos deparamos com a exibição do filme ao ar
livre. Assistimos sentados numa calçada e amontoados uns nos outros. As minhas
memórias da infância se conectaram com a experiência da vida adulta. A
"Preta, pretinha", que descobri no Chevette 1978 do meu pai passou a
ser presença constante no meu notebook, no som em casa, no som do carro, nos
percursos das minhas viagens entre o sertão e o litoral (ainda que num
pendrive). Ano passado consegui comprar o CD Acabou Chorare durante uma
garimpada em uma viagem. Lá de trás para cá se tornou um dos meus discos
favoritos. Hoje tive a triste notícia do falecimento do Moraes Moreira, aos 72
anos. Muita vida, muita música, muitas memórias! Mas tenho certeza que daqui
para frente a "Preta, pretinha" ainda vai tocar muito aos meus
ouvidos e nas minhas lembranças.
segunda-feira, 13 de abril de 2020
sexta-feira, 10 de abril de 2020
Dois e uma cadela vira-latas
Por aqui somos dois homens e uma cadela vira-latas
Ou seriam um homem e um menino?
Mas quem é o homem, e quem é o menino?
A única certeza é da vira-latas
Não há dúvidas de quem ela é!
Está bem certa disso.
Por aqui somos um homem, um menino e uma cadela vira-latas
Esperando a hora de sermos dois homens novamente
Na confiança do apoio um do outro
Para encostar a cabeça e descansar
Mas o café já está frio na mesa
Será que é de tanto esperar
Que sejamos homem ou menino?
Sejamos então homens e meninos
E a vira-latas a nos acompanhar
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