sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A persistência da juventude


Há 20 anos atrás, em uma madrugada insone de fim de semana, assisti a esse clipe pela primeira vez. Era um tempo em que a MTV pegava em Fortaleza via UHF com uma imagem péssima. Quando consegui sintonizar o canal, o clipe já estava na metade. Ao fim do vídeo a imagem estava tão ruim que não identificar nem o nome da música, e nem o da banda. Passei um bom tempo com essa memória de música/clipe que havia me tocado naquela madrugada. Aproximadamente um ano depois, em 1997, estava assistindo a mesma MTV (com a imagem um pouco melhor) quando vi iniciar o vídeo de uma música chamada Hole in my soul. De cara gostei da música e do clipe. Quando principiou o refrão, tive a certeza que era a mesma banda que havia assitido/escutado há um ano atrás. A relação marcante entre vocal e backing vocal me provocou o mesmo arrepio que a música de um ano atrás havia despertado. Naquela época não existia youtube, internet massificada, mp3 e nem outros meios de pesquisar sobre músicas como temos hoje. Ainda passei um bom tempo tentando identificar a música ouvida em 1996. Algum tempo depois fui descobrir o seu nome: Cryin'. Peguei uma fita cassete emprestada com o disco Get a grip, copiei para mim, e quase quebro o botão do meu finado micro-system de tanto voltar a fita para a mesma faixa. No mesmo ano de 1997, o meu amigo e parceiro de presepadas na escola, Miguel, havia comprado o disco Nine Lives, onde havia sido gravada a faixa Hole in my soul. Passei mais de um ano com esse disco em casa emprestado. O Miguel nem se lembrava mais que estava comigo (mas como sou um bom amigo, fiz questão de devolver). O Aerosmith não é uma banda com músicos virtuosos, e nos últimos anos não tem lançado bons discos. Mas ao longo dos últimos 20 anos me acompanhou em vários momentos dessa vida cheia de arrumações e presepadas. Das aspirações a rock-star juvenil, das muitas roedeiras e dores de cotovelo adolescentes, das tentativas de tocar os solos confusos do Joe Perry, das buscas em bancas e sebos por revistas Showbizz com reportagens sobre a banda, das teimas com o Osvaldo para ver quem era o maior apreciador do Aerosmith e a quem pertenceria a já citada Hole in my soul, e da espera por uma oportunidade de assistir a um show deles ao vivo. Hoje finalmente vou poder realizar esse sonho. Gostaria muito que meus bons amigos Miguel e Osvaldo estivessem aqui comigo hoje. Sei que iríamos chorar muito juntos. Dos primeiros acordes até o fim do show estarei pensando em vocês ali comigo! E ficarei com a lembrança daquela madrugada perdida em 1996, quando escutei a banda pela primeira vez. As lágrimas correrão soltas!


 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Boa semana!

Terminando aqui a semana de bom retorno e dos coices e voadoras homéricos. Quando tive certeza que preciso me mudar com urgência (mais uma para a conta). Em que me disseram que um portão de garagem é igual ao órgão genital feminino (não foram bem essas as palavras, mas tenho que respeitar as crianças no facebook). Em que comi um peixe superfaturado. E que terminei ouvindo que ia levar uma mãozada no pé do ouvido, mas não achei a mão que se comprometeu a dá-la! E é por que eu passei só 6 dias fora de Sousa. Vou aqui ler uma HQ da Turma da Mônica para me ajudar a recuperar um pouco de fé na humanidade...

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Duas considerações olímpicas



 



1. A Rede Bobo de Televisão realmente possui uma incrível capacidade de (tentar) produzir antagonistas durante as provas. Os atletas são transformados em heróis e vilões para promover a espetacularização da cobertura. Dois exemplos são os mais emblemáticos. Um deles foi a "rivalidade" entre o norte-americano Justin Gatlin e o jamaicano Usain Bolt na prova de 100m do atletismo. Desde as entrevistas pré-olimpíadas o norte-americano era tratado como alguém frio, que não gostava de falar sobre o seu "rival", e volta e meia seus problemas com o doping eram trazido a tona nas chamadas. O outro caso, no salto com vara, representou uma das maiores vergonhas que a torcida brasileira proporcionou durante os jogos. Em uma prova de extrema concentração e precisão, o jeitinho brasileiro da torcida vaiou o antagonista francês Renaud Lavillenie, que ficou visivelmente abalado com tal atitude. No dia seguinte a cobertura televisiva só dava atenção a uma declaração pós-prova de um atleta frustrado e irritado que comparou a reação da torcida àquela destinada ao norte-americano Jesse Owens pelos alemães em 1936. O francês virou o vilão do momento e campeão de memes nas redes sociais. Ninguém sequer falou da torcida brasileira desrespeitosa e mal educada. Nenhum comentário sobre as lágrimas que escorriam pelo rosto Lavillenie durante a cerimônia de entrega das medalhas, onde foi colocado mais uma vez frente a frente com seu algoz (não, não foi o Thiago Braz), o torcedor brasileiro. Um dos momentos mais tristes dessa edição dos Jogos Olímpicos. Essa é, sem dúvida, uma vitória da qual o Brasil não deve se orgulhar: a fanfarra das vaias!

2. O que teve de atleta brasileiro batendo continência no recebimento de medalhas não tá no gibi.  As forças armadas criam um programa de contratação temporária para atletas de auto rendimento, pegam os atletas já prontos depois de uma vida e preparação, e querem colher os louros pelo apoio após a conquista de medalhas. Países como China, Russia e os EUA tem sim uma tradição de apoio das forças armadas na preparação de atletas nas mais diversas modalidades, inclusive em modalidades não-olímpicas. Mas o Brasil... Inventaram esse negócio um dia desses. O Programa Atletas de Alto Rendimento (Paar) foi criado em 2008. Em 8 anos não dá para formar uma geração de atletas de alto rendimento como a que competiu esse ano no Rio de Janeiro, ou mesmo como a que se apresentou em 2012 em Londres (4 anos após a fundação do Programa). Todos os atletas brasileiros, ao ingressarem nesse Programa, já estavam em alto rendimento. São contemplados após rigorosa seleção. Nunca existiu um trabalho de formação de base. A grande maioria desses atletas não é militar, e sim está militar. Me engana que eu gosto que não há intenções dissimulada por trás disso tudo para exaltar as forças armadas no clima de instabilidade política que o país vivência atualmente... Nunca houve destaque nenhum ao apoio das forças armadas brasileiras a atletas de atletas de alto rendimento (salvo nas provas de tiro olímpico). Milagrosamente essa hiper valorização acontece em 2016...