segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Debaixo dos caracóis...



Herdei a cabeleira encaracolada da minha avó Stela. Quando era pequeno (e mesmo depois de grande) ela costumava colocar minha cabeça em seu colo e ficava enrolando meu cabelo na ponta dos dedos. Essa é uma boa lembrança que guardo da minha avó. E esses caracóis que herdei dela me proporcionaram bons (e engraçados) momentos ao longo da vida. Eram eles que balançavam com minha guitarra (às vezes com o baixo) quando tocava com minha banda. Que me fizeram receber um convite para interpretar Jesus em uma peça na adolescência (que eu recusei, pois como ator, sei que sou um ótimo espectador). Foi por eles que me escolheram para ser a noiva (sim, a noiva) em uma festa de São João. Que faziam inveja em algumas amigas porque o meu cabelo era maior que o delas (É... de um jeito ou de outro eles não me ajudaram muito com as meninas, fazer o quê? Se bem que eu acho que a culpa podia ser da barba :p). Era com o cabelo entrançado que eu competia nos campeonatos de Kung Fu. Lembro na infância quando eles estavam um pouco maiores, ou na adolescência quando comecei a deixá-los crescer que meu pai costumava me chamar de "pai da mata", e eu dizia que não queria cortar os cabelos de jeito nenhum. Por que eu estou falando de cabelo agora? Bom, hoje vi na rua uma meninazinha que muito devia ter uns 7 anos. E o que me chamou a atenção foi que com essa idade ela já tinha feito um alisamento desses "ultra-mega-power" nos cabelos, tal qual o da mãe que estava ao seu lado. Tão criança e já estão colocando na cabeça dela que o bonito mesmo é ter os cabelos lisos, e não enrolados, encaracolados, crespos, ou de qualquer outro jeito. E aí eu me invoquei!!!
Mãezinha, se sua filha ou filho tem os cabelos enroladinhos, não alise, estique, puxe, raspe (nem faça um moicano do Neymar)!!! Deixe ela ou ele ser feliz com seus caracóis!!!
*Na verdade o “hoje” ao qual me refiro no texto foi o dia 25 de maio de 2012, data em que ele foi escrito.
 
 

Para quem sente saudades dos avós,,,

Saí do cinema com vontade de provar mais uma vez do café da D. Stela e do almoço da D. Zeza.
Ótimo filme!!!

O homem e sua guitarra gentil



Revistas de música e a mídia especializada em geral vivem fazendo listas com os maiores e mais influentes guitarristas de todos os tempos. Há um consenso quanto à 1ª posição: Mr. Jimi Hendrix! É incontestável mesmo. O cara botou pra @#$% não apenas no rock and roll, mas no jeito de tocar guitarra de maneira global. Pronto! Contudo, sempre há muitas divergências quanto às demais colocações. Eric Clapton aparece ali num segundo, Jimmy Page e mais alguns brigam pelas próximas posições. Mas um cara que eu sempre acho injustiçado nessas listas é o George Harrison. Tá certo ele não foi um guitarrista virtuosíssimo como alguns de seus colegas ingleses de que ocupam as primeiras posições. Mas em termos de influência... Pô mermão! O cara foi o guitarrista dos Beatles!!! A banda que influenciou e abriu as portas pra todo mundo. Podem existir milhares de guitarristas tecnicamente melhores que ele, mas em meio à simplicidade e a doçura de sua guitarra, George Harrison praticamente inventou o filão dos guitarristas solo em bandas de rock! Precisa mais alguma coisa?!

O Sr. Bruno Fortunato me surpreendeu!



O Sr. Bruno Fortunato me surpreendeu! Dos integrantes do Kid Abelha ele sempre foi o mais discreto. Seu instrumento (guitarra) nunca teve muito destaque nas músicas da banda. Até o saxofone do George Israel geralmente aparece mais que sua guitarra. Das bandas dos anos 80, ele nunca foi um guitarrista que chamou a atenção (pelo menos a minha). Os arranjos das músicas do Kid Abelha nunca privilegiaram seu instrumento, solos discretos, harmonias simples, e a guitarra aparece quase sempre como “recheio” nas canções. Um dia desses assisti (pela TV mesmo) ao show de comemoração dos 30 anos da banda, e posso dizer com certeza: o Sr. Bruno Fortunato me surpreendeu. Ele deu m show à parte com sua guitarra, agora nada discreta. Os arranjos das músicas todos refeitos, e um destaque especial para o seu instrumento. Até o volume da guitarra parece que estava mais alto! Ele tocava com gosto. Agitava durante as músicas e até fazia poses de guitar hero. E o cara guardando isso tudo por 30 anos sem mostrar para a gente... 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cena do dia







Estava eu abordo do Rio Doce/CDU umas 17h e pouco da tarde, e o trânsito da Caxangá truando. Quando olho pela janela, vejo uma mãe tentando atravessar a avenida em meio aos milheares de carros que passavam, empurrando sua filha de uns 5 anos em uma cadeirinha de rodas. A mãe, muito preocupada com o movimento de carros, olhava aflita para a avenida tentando achar uma brecha para atravessar com sua filha. Quando ela vê uma oportunidade, corre empurrando a cadeirinha de rodas com a criança. O que me chamou a atenção de fato não foi nada do que descrevi até agora. Foi mesmo o sorriso largo no rosto da meninazinha com a velocidade que sua cadeirinha de rodas atingia! O que contava para ela não era a preocupação da mãe. Nem o trânsito frenético da Caxangá. Era a grande diversão que estava sendo percorrer de um lado a outro a avenida em "alta velocidade" em sua cadeirinha de rodas!!!










*Na verdade esta foi a cena do dia 11 de junho de 2012. E esse texto foi escrito no dia seguinte com o título: “Cena do dia (de ontem)” rs.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

E ainda dizem que o Brasil é o país do futebol



Um dia desses estava voltando para casa cortando caminho pelo campus da UFPE, e como sempre cruzo o laguinho da universidade no meio do percurso. Alguns casais sentados embaixo das árvores, pais passeando com seus filhos e alguns meninos brincando. E essa última cena particularmente me chamou a atenção. Eles não estavam brincando de bola, nem soltando pipas, nem outro tipo de brincadeira que a gente costuma ver com freqüência. Eles estavam brincando mesmo de MMA. Estavam os dois de bermuda, camiseta e com os pés descalços na grama. Ameaçavam uns chutes e socos, e tentavam, em a um agarrado descompensado, jogar o outro no chão. Só que no final das contas acabavam os dois caindo em meio a umas gargalhadas, tirando sarro (no Ceará eu diria “frescando”) um com a cara do outro. Essa semana, ao voltar para casa pelo mesmo trajeto, presenciei uma cena parecida. Dessa vez eram três meninos entre 12 e 13 anos que “brincavam de lutar”. Iam dois para cima de um, derrubavam, e depois imitavam aplicar golpes no “adversário” caído. E em meio a puxões, derrubadas e golpes fingidos, terminavam todos achando a maior graça rolando na grama. Voltei para casa pensando nas cenas que presenciara. E em como a modalidade MMA havia se popularizado aqui no Brasil de uns tempos para cá. E principalmente depois que a Rede Globo “descobriu” que esse era um esporte que movimenta milhões de dólares por luta, e inventou de transmitir algumas edições na TV aberta. Não vou nem me ater aqui falar muito sobre essas transmissões, somente que ouvir o Galvão Bueno narrando uma luta do UFC foi uma das experiências televisivas mais nonsense as quais tive a infelicidade de assistir. Pois bem, o fato é que após algumas exibições parece que eles encontraram o “caminho do ouro” (ou seria do octógono) de uma nova modalidade com potencial para arrebatar uma enorme legião de tele-espectadores. É porque o brasileiro é assim mesmo, né? Tem uma incrível capacidade de torcer (não estou dizendo que isso é bom ou ruim, isso é outra conversa), principalmente quando vê “um dos seus” “representar o país” em alguma modalidade esportiva. E disso o UFC está cheio, pois em três das principais categorias, os atuais campeões são brasileiros. Muito esperta essa Rede Globo! E o Galvão: “Opa, opa! Pegou, pegou! Vamo lá, vai terminar, vai terminar! Mão esquerda, um, dois, três, quatro, bate! Acabou, acabou! Junior, Junior, Junior, Junior Cigano do Brasil!!!” Guenta coração, hein Galvão?! (E que narração sem noção). Mas a turma do plim, plim não é besta. Logo tiraram o camarada de cena e escolheram outro narrador que não “se passasse” tanto (Sérgio Mauricio do SPORTV). Eles são bestas de brincar com um esporte milionário desses?! Acho que não, então falou Galvão! E na rua nos dias seguintes às transmissões das lutas não se fala outra coisa. “-Tu viu a briga ontem na televisão?!”    “-Mermão, foi peia muita!”. “-É sola meu chapa!”. “-Não deu nem pro chá!”. “-E aquele murro lá?! E a queda?!”. “-Quebrou o braço do cara, sem pena!”. E pouco a pouco todo o brasileiro está se transformando em um grande entendedor de MMA. “-Não rapaz, é porque o Junior Cigano tem um boxe muito bom!”. “-Aquele cara lá, o Minotauro, (ou seria o Minotouro?) é muito bom no chão”. “-Ele devia ter levado logo para o chão...” Mas a gota d’água mesmo foi quando mexeram com o orgulho do brasileiro... Ninguém podia deixar passar! Extrapolaram mesmo, não foi?!. O camarada disse que não sabia nem que aqui tinha internet. E foi justamente pela internet que o povo brasileiro viu a peia que ele levou (não, não foi pela Globo). Tá certo que ele bateu também (bateu sim). Mas o importante é que no final a surra que levou foi maior. E todo mundo trocando de link na internet para não perder nenhum movimento. Tá bom que um ou outro passavam, pois a nossa conexão não é das melhores. Mas o orgulho brasileiro veio a desforra! Orgulho, sei... E foi um passa-passa de posts no Facebook em tempo real. E a trollagem troando solta no mundo virtual. Ninguém podia perder a oportunidade! Nem o Anderson Silve que até tirou uma com a cara dele no final. Orgulho, sei... E teve até queima de fogos aqui pelas bandas da Cidade Universitária! Mas do que eu estava falando mesmo no começo?  Ah, lembrei...

E ainda dizem que o Brasil é o país do futebol...



Texto escrito em 8 de julho de 2012, logo após a luta Anderson Silva x Chael Sonnen no UFC 148.