Sou viciado em
programas de entrevistas. Contraí esse vício em um dos muitos períodos que
passei sem TV em casa. Nesses períodos a internet sempre foi a salvação do meu
entretenimento doméstico e o YouTube fonte de gratas surpresas audiovisuais.
Não sei nem em que momento exato comecei a fuçar o site atrás de entrevistas.
Assistia uma, que apresentava o link para outra, e mais outra, e por aí ia.
Quando me dei conta, boa parte do conteúdo da minha lista de preferências e
sugestões era de entrevistas sobre os mais diversos assuntos. Dois deles em
particular sempre foram alvo de minha predileção: música e cinema. Um dos
programas que recentemente tem figurado bastante essas listas de indicações é o
The Noite, do Danilo Gentili. Particularmente não gosto dele. Discordo de
várias de suas opiniões e posicionamentos (sobretudo no âmbito político). Mas
volta e meia assisto ao programa dele por interesse ou curiosidade em alguns
dos entrevistados que dão as caras por lá. Hoje, em uma dessas muitas zapeadas
randômicas pelo YouTube me deparei com a entrevista que o Danilo Gentili fez
com o Hugh Jackman. Parei para assistir. Era uma dessas entrevistas que os
atores concedem quando vão divulgar o lançamento dos seus filmes mais recentes.
Geralmente elas seguem alguns protocolos meio óbvios. Essa não seguiu. O
próprio ator se sentiu tocado com algumas gentilezas durante a entrevista e
seus olhos se encheram de lágrimas em vários momentos. Ao final, o programa
proporcionou o encontro entre Hugh Jackman e seu dublador brasileiro, Isaac
Bardavid (que já atua como voz do Wolverine há 23 anos). Ambos estão vivendo seu
momento de despedida do personagem. Ambos se emocionaram. Acho que até o
apresentador, por ser fã de quadrinhos, deve ter se sentido tocado com a
experiência que ali vivenciavam. Tanto, que foi uma das raras entrevistas em que
ele deixou todas as suas escrotices e entradas chulas de lado. Um raro momento onde
a sensibilidade e gentileza atravessaram o programa de forma emblemática. Me
tocou.