quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Alegria de criança


      

    Essa semana chegou aqui em casa uma caixinha que abrigava uma grata surpresa para mim. Agora no fim do ano havia comprado pelo site Amazon um cartucho "Turma da Mônica da Terra dos Monstros". Esse jogo faz parte dos (re)lançamentos que a Tec Toy disponibilizou junto com a campanha da reedição do nostálgico Mega Drive. Pelo site Amazon ele estava ainda mais barato que o da própria Tec Toy¹. E para minha surpresa chegou bem antes do programado (por isso a surpresa  apontada inicialmente.
    Sempre gostei dos jogos da Mônica lançados pela Tec Toy.  Tive a oportunidade de jogar "Mônica no Castelo do Dragão" e "Turma da Mônica - o resgate" ainda no bom e velho Master System em cartuchos que alugava na locadora perto de minha casa. A versão do Mega Drive "Turma da Mônica na Terra dos Monstros" só tive a oportunidade de jogar mesmo através de emuladores.
    Para quem acompanha um pouco a história dos videogames da Sega no Brasil já deve saber que os jogos lançados pela Tec Toy tratam-se de conversões. A empresa brasileira pegou jogos da franquia "Wonder Boy", que foram lançados para o Master e para o Mega, e substituiu os personagens originais por personagens da Turma da Mônica. O jogo do Mega Drive passou um pouco desapercebido no mercado brasileiro pois foi lançado já perto do fim da vida do console. Os jogos do Master System, entretanto, fizeram um grande sucesso comercial. A Tec Toy lançou eles no início dos anos 90 e fez uma pesada campanha de marketing com os dois. Eram anúncios em revistas de games (e em outras não especializadas), propagandas na TV, promoções dando cartuchos e consoles como prêmios etc. O contexto era propício também pois a Tec Toy dominava o mercado nacional de games. A Nintendo, sua grande concorrente, ainda não havia se instalado oficialmente no Brasil², e os jogos e consoles da Sega eram distribuídos em larga escala em lojas de brinquedos, lojas de eletrodomésticos e locadoras. O legal dos jogos da Mônica era que eles misturavam elementos de ação/aventura com RPG. Durante o jogo era possível adquirir equipamentos e armas como armadura (vestido), botas, escudos, entre outros. Para isso era só ir juntando as moedinhas que apareciam ao longo do jogo, e procurar uma loja com produtos a venda.
    Ao abrir a caixinha da Tec Toy que havia chegado pelos correios me bateu uma sensação nostálgica dos tempos em que eu comprava os jogos da empresa pelo telefone e aguardava quase um mês para eles chegarem em minha casa. Recebía os anúncios por um jornalzinho clube da Tec Toy que chegava pelos correios. Esse jornalzinho trazia algumas matérias, dicas de jogos, e os anúncios com os lançamentos. Fui levado denovo aos anos 90, com as imagens e lembranças do meu antigo quarto, a TV de 20 polegadas ligada no canal 3, os jogos recém abertos esparramados pelo chão esperando a escolha indecisa do jogador. Bons tempos. E o bom também é poder retornar a eles de vez em quando. Muitos 'gamers'  (nem gosto desse termo) teceram duras críticas a Tec Toy por conta do relançamento do Mega Drive e demais produtos da linha. Muitas análises grosseiras, jocosas e, sobretudo, desnecessárias. Aqui dos meus trinta e poucos anos de jogador de videogames fiquei feliz pela iniciativa. E tive a real materialização dessa felicidade ao abrir a caixinha dos correios, e ter um cartucho novinho em minhas mãos.


¹Comprei por R$ 79,00, mais barato que o cartucho usado
²A Playtronic só lançou oficialmente os produtos da Nintendo no Brasil em 1993. O que tínhamos até então eram os famosos clones do Nintendo (Nes) 8 bits, tais como o Turbogame (CCE), Dynavision (Dynacon), Phantom System (Gradiente), entre outros.