domingo, 20 de novembro de 2011

Eu queria mesmo era brincar sozinha


Mas eu queria mesmo era brincar sozinha. Você já vai? Está cedo. Pode ficar mais um pouco. Amanhã não vamos para a escola. O dever de casa já está feito. Tá bom. Eu queria mesmo era brincar sozinha. Minha mãe? Está ali sentada. Mas não se preocupe, ela não vai ligar. Nem mesmo se eu sujar a minha roupa nova. Ela parece bem ocupada, não é? Mas eu queria mesmo era brincar sozinha. Veja só o meu brinquedo novo. Meu pai me deu. Ele sempre traz uma lembrancinha quando volta de suas viagens. Quando volta? É... Se bem que eu já não sei mais se ele está indo ou voltando. Mas você sabe, não é? Eu queria mesmo era brincar sozinha. Olha só aqueles menios corredo ali. Parece divertido. Será... Não. Pode ir. Eu queria mesmo era brincar sozinha.

"Era o que ele estudava. 'A estrutura, quer dizer, a estrutura', ele repetia e abria a mão branquíssima ao esboçar o gesto redondo. Eu ficava olhando seu gesto impreciso porque uma bolha de sabão é mesmo imprecisa, nem sólida nem líquida, nem realidade nem sonho. Película e oco. 'A estrutura da bolha de sabão, compreende?' Não compreendia. Não tinha importância. Importante era o quintal da minha meninice com seus verdes canudos de mamoeiro, quando cortava os mais tenros, que sopravam as bolas maiores, mais perfeitas. Uma de cada vez."

*Extraído do conto A estrutura da bolha de sabão,  de Lygia Fagundes Telles.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Vamo começar logo com essa prezepada...



Uma das coisas que mais gostei quando comecei a utilizar a internet* foi a possibilidade de baixar as séries e desenhos que sempre gostei e que se encontravam fora do ar, ou de catálogo. Algumas delas bem difíceis de encontrar na TV, DVD, ou até mesmo em VHS, ou que eram muito novas para estar disponíveis nesses formatos. Quando descobri a possibilidade de acessar esses conteúdos através dos downloads foi uma grande reviravolta na minha vida de espectador. Agora uma das coisas que nunca gostei foi que geralmente, quando as séries eram muito granes, tinham trocentos links individuais para ficar baixando episódio por episódio. Haja paciência!!! Agora vão me dizer: “Ah, mas tem os torrents!”. É meu chapa, tem mesmo, mas geralmente quem posta esses arquivos são os gringos, o que significa que áudio, legenda (quando é o caso) e tudo mais está no idioma deles. E os pobres fuçadores que não foram tocados pela hegemonia do idioma inglês (ou americanês) acabam ficando a margem dos processos de difusão do conhecimento e do entretenimento sem fronteiras (nem tanto, né?!) proporcionado pela internet. Profundo isso...
Pronto! É bem simples. Tipo assim, você vai estar lá no Google (o oráculo da modernidade) procurando aquela série, aquele desenho, ou até aquele filme e vai dar de cara com o endereço desse blog. Parabéns!!! Você que chegou até aqui é um felizardo!!! Vai encontrar links com mais episódios e vai poder assistir pelo menos uns dois ou três enquanto vai baixando o resto (a não ser que você seja rico e já tenha uma internet dessas que baixa na velocidade de um click). O negócio é bem esse mesmo. Dependendo do tamanho de cada arquivo, vão ter vários em um link só, o que vai evitar aquele pinga pinga de episódios.

Esse tópico foi só de apresentação (embromação) enquanto eu termino de fazer o upload dos arquivos.

Aguardem só mais um pouquim...




*Detalhe importante: isso aconteceu muito tardiamente em 2004 E enquanto todo mundo já estava experimentando esse negócio de internet banda larga, eu tava brigando com um fio de telefone de 10 metros que era ligado da tomada ao modem do meu computador.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Preparando algumas mudanças...

Esse blog por muito tempo tem servido apenas para mim. Mas daqui a algum tempo ele terá uma nova utilidade. Uma função social! Não, não irei escrever nada sobre Durkheim (piada interna de sociólogo). Irei trazer alegria as almas desconsoladas e aos espíritos inquietos. Um pouco de luz para guiar os corações aflitos que se perdem em meio a escuridão virtual (porque já se perderam na real, e vieram se perder aqui também). E tenho dito!!!

sábado, 1 de outubro de 2011

Os anos 90 também tiveram seus clássicos

http://www.youtube.com/watch?v=3Hpx_b3gj64&feature=related


Título: Singles (Vida de solteiro)
Diretor: Cameron Crowe

Esse  filme do diretor Cameron Crowe é uma boa crônica sobre a juventude (entenda-se a dos EUA) do início dos anos 90. Além de tratar sobre os relacionamentos afetivos dessa geração, tem como pano de fundo a emergência do cenário Grunge em Seattle. Conta com umas aparições do Pearl Jam (Eddie Vedder fazendo papel de baterista) e do Soundgarden. É um bom recorte dessa época, além de ser um filme despretensiosamente interessante. A narrativa percorre o início dos anos 90, depois que o glam e o brilho que marcaram a geração anterior passaram, juntamente com a militância política de algumas décadas atrás, esses jovens agora encaram o desafio de se tornar uma geração "pé no chão". Dos trabalhos frenéticos nos escritórios. Ou dos mil e um trabalhos fora deles para se virar. Do medo de se envolver. Das roupas com pouca cor. Que achavam que o imaginário do rock’n’roll havia se esgotado (mas não para algumas pessoas). O tema do rock inclusive viria a ser recorrente pano de fundo para outras produções do diretor, que mais tarde também nos apresentaria Almost famous (Quase famosos), uma narrativa semi-autobiográfica sobre a descoberta desse estilo musical por Cameron Crowe em sua adolescência (isso é história para outro post). Temos também sua recente incursão pelo gênero documentário no filme Twenty, onde conta a trajetória da banda Pearl Jam, seus amigos pessoais, desde o surgimento em Seattle, até os dias de consagração atuais.
Mas voltando ao “Singles”, sempre fui um grande apreciador (desde a infância) de filmes do gênero comédia romântica, e por filmes que tratam da música como pano de fundo. Esse filme foi uma grata descoberta para mim em uma locadora perto de casa, pois mesclava os dois gêneros. Em uma época em que passar tardes fuçando as prateleiras da locadora para alugar fitas VHS e esperar uma eternidade por lançamentos era uma das atividades que me garantiam grandes momentos de alegria durante minha adolescência de meados para o fim dos anos 90.

Fica aí a dica do filme!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Brincadeira de Criança


Achei que algumas brincadeiras da minha infância só persistissem em nós como jocosidade e saudosismo dos velhos tempos. Quando por exemplo, um amigo se engraça por uma menina, e esse "engraçar" toma vias de se tornar um namoro, um coro de camaradas logo entoa "huumm, tá namorando..." (o mesmo acontece com as meninas). Lembrança dos tempos de criança, de quando intentávamos em falar alguma coisa com pessoa do sexo oposto e logo vinha aquele pelotão da molecada com o mesmo brado. E ao alvo da gozação, não restava nada mais a não ser o constrangimento. Por que falar sobre isso agora? É que estava aqui relendo um texto do Benjamin sobre a construção/transmissão de experiência, e do lugar dos saberes do passado, quando ouço aqui na calçada do apartamento (onde temos uma escola logo em frente) um grupo de meninas proferindo a mesma frase para a amiga: "tá namorando, tá namorando".
Alguma experiência aí persiste...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Conicidências sobre a amizade.

Estava eu hoje a vasculhar minha estante, quando minha mão, sem querer,  passou por um livro que uma grande amiga me deu antes de uma longa viagem que iria (ela) fazer. O engraçado é que até hoje nunca li esse livro, mas sempre o mantive por perto. Quando em outro momento quem faria uma longa viagem seria eu, fiz questão de trazê-lo ¹ comigo. Um livro, e acima de tudo, uma lembrança dessa amizade, e que sabia que sua leitura seria importante nesse meu "itinerário diaspórico". O engraçado é que ao folhear o livro me deparei com um pequeno papel dobrado. Nesse papel estava escrita à mão a letra de uma música, talvez a mais conhecida na MPB a tratar sobre a amizade. Àquela que diz que amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito... Esse papel com a letra da música me foi dado na despedida de um grande amigo, que partiu cedo de mais, antes mesmo que pudéssemos lhe dizer o quanto sua amizade era importante para todos nós. Cantamos juntos essa música, engasgados pelo mesmo choro, como dizia a música, e compartilhando uma tristeza em comum ocasionada por sua partida. Lembrei de guardá-lo dentro do livro, pois sabia que ali seria um local de onde dificilmente iria perdê-lo... O livro, o papel, o sentimento de amizade. E assim o é...

...mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção/O que importa é ouvir a voz que vem do coração/Pois seja o que vier, venha o que vier/ Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar/Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.




¹Pois ainda me encontro nesse "estar viajando..."

Para Luciano de Abreu Jorge

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Série agradecendo ao santo III

*Foto tirada na Exposição "Caminhos do Santo", no Museu de Arte Popular de Recife, em novembro de 2010

Série agradecendo ao santo II

*Foto tirada na Exposição "Caminhos do Santo", no Museu de Arte Popular de Recife, em novembro de 2010

Série agradecendo ao santo I

*Foto tirada na Exposição "Caminhos do Santo", no Museu de Arte Popular de Recife, em novembro de 2010

terça-feira, 19 de abril de 2011

Quando tive que ir embora/em boa hora irei...

Quando eu tive que ir embora
Foi por que eu realmente quis
Achei que só ia precisar levar a ciência
Mas depois...
Depois de tanto ir embora,
Nunca em boa hora
Vi que devia ter levado a poesia também
Para as horas em que só me resta ir
Ir embora
Para que seja sempre uma boa hora

sábado, 16 de abril de 2011

Em reforma...

Que tal mudar um pouco...
Um pouco de branco e azul para iluminar este ambiente
Afinal de contas...
O nome do blog é febre de um sábado azul
Mas esse azul não é meio down...
E nem um pouco blue
Azul
Que para todas as culturas representa algo positivo
Água
Imortalidade
Sagrado
Esperança
Que tal um pouco disso tudo aqui?!




*Foto tomada de empréstimo: http://eurespiroarte.blogspot.com/2010/07/atelie-em-reforma.html#comment-form

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mãos sujas / A polícia apreende, mas quem aprende?!

As mãos sujas de sangue
As narinas entupidas de cola
E uma sensação de sei lá o quê na cabeça
A polícia apreende os jovens...
Mas quem aprende sobre os jovens?!
Quem aprende com esses jovens?!
De quem são as mãos sujas de sangue?!
São dos jovens...
Da polícia
Dos políticos
Nossas talvez...
Também....
Tembém!?!
Mas a culpa é da violência, não é mesmo?!
E é assim que se combate a violência
Com as mãos sujas de sangue
E onde está ela?!
Quem?!
Sei lá...
A violência...?
Está lá fora
Bem longe
Até que...
Até que...
Bum!!!
Ela chega bem rápido
E com tanta força que você nem sabe como sentir direito
E quando vê suas mãos estão sujas de sangue
Mas quem é que aprende?!
Que há violência também na falta de sensibilidade
Para compreender e respeitar o outro
Para estender uma mão
Para entender a mão...
Mesmo que ela esteja suja
Mas garanto que nesse caso não vai ser de sangue
E feliz vai ser aquele que recebe...
Por que é assim que se aprende

O segredo para estar perto...


O segredo para estar perto é participar... Mas como participar sem estar perto? Pode ser de longe mesmo  ...  com atenção, com uma palavra que apóie e faça seguir em frente, mesmo que ir em frente signifique ir para mais longe ainda. Com uma boa intenção, que de tão boa se transforme em ação. Ação que às vezes simplesmente pode ser não fazer nada. Pois como já dizia a aquela canção “o nada é uma palavra esperando tradução”. E que às vezes se traduz em não dizer. Só ser... assim... e já é o suficiente...

Distância...



Pouco a pouco meus amigos estão se transformando numa luzinha acesa no canto da tela do computador.
Os que estão longe...
Com quem na iminência de não praticar uma outra forma de comunicação, acabo apenas, entre uma teclada e outra, tentando diminuir a distância que nos separa em vida real através de uma emulação virtual.
Os que estão perto...
Parecem não estar mais perto o suficiente para que eu faça uma ligação, e quem sabe com esse telefonema consiga nos ligar um pouco mais, marcar um encontro, para falar bobagem ou coisa séria, para estar perto, presente de perto.

domingo, 13 de março de 2011

Não vá ainda (Christian Oyens / Zélia Duncan)

Essa é para mim mesmo...
Depois de muito tempo sem postar nada...

O que você quer?
O que você sabe?
Não é fácil prá mim
Meu fogo também me arde
Às vezes
Me vejo tão triste...

Onde você vai?
Não é tão simples assim
Porque às vezes
Meu coração não responde
Só se esconde e dói...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Não, não vá ainda...

Me diga como você pode
Viver indo embora
Sem se despedaçar
Por favor me diga agora
Ou será!
Que você nem quer perceber?
Talvez você
Seja feliz sem saber...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Não, não vá ainda...

Por favor não vá ainda
Espera anoitecer
A noite é linda
Me espera adormecer
Não vá ainda
Espera anoitecer...


Zélia Duncan sempre providencial em suas letras...